Alex Muittos

Artigos, animações virtuais, poesias, etc...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Anima Session apresenta... Entrevista com o Homem Dragão




Já ouviram falar em "Talk-Walk-Fly-&-Teleport-Show"? Nem eu. Na verdade, trata-se do nome mais apropriado que consegui achar pra performance virtual que vocês vão ver (se tiverem paciência e/ou quiserem ganhar uma cerveja de graça na próxima vez que nos encontrarmos...). É uma animação, mas uma animação diferente. O gênero talvez possa ser definido como "Performance Virtual". Trata-se da junção de duas artes: Virtual Filmmaking (Cinema Virtual) e Marionete Digital (Digital Puppetry). O nome antigo (ainda usado) era "machinima" (de "machine" + "anima") mas já está ultrapassado: hoje todas as animações, desde as amadoras às produzidas pelos grandes estúdios, são feitas em "máquinas" (pc's, mac's, etc). Caso resolvam encarar a empreitada, considerem por favor que eu não tenho uma equipe (tive somente a participação, como atores, dos dois avatares "marionetes" convidados). E que, portanto, desempenhei as seguintes tarefas sozinho:

a) Preparativos: escolha do formato do programa, pesquisa e montagem do cenário e do figurino, pesquisa e convite aos avatares "extras", configurações de câmera, som, download e pesquisa de músicas autorizadas (embora tenha havido um probleminha aí...), etc.
b) Performance em tempo real: desempenhei, ao mesmo tempo, as tarefas de cineasta virtual (filmei com mouse 3D utiliizando a mão direita) e marionetista digital (fala, movimentação do meu avatar utilizando mouse comum e teclado, alternadamente, com a mão esquerda).
c) Edição, publicação e divulgação.

Por fim, considerem também que:

a) Esta é a única modalidade de animação que pode ser transmitida ao vivo. A única razão de eu ainda não fazê-lo (a não ser em um ou outro teste em webtv's gratuitas) é que, para que isto seja viável com qualidade, a taxa de upload (não download...) tem de ser, no mínimo, de 10 megas por segundo.
b) Esta é, dentre as modalidade de animação, a que apresenta o melhor custo/benefício financeiro (artistas e técnicos podem trabalhar juntos, em tempo real, de qualquer canto do planeta, sem a necessidade de gastos com locação, cenários, custos com viagens, hotéis, etc, etc, etc...)

Espero que gostem do capítulo 0 do meu Talk-Walk-Fly-&-Teleport-Show" (pensem na cerveja de graça...)

PS: rodado no ambiente virtual de Second Life

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ha,ha,ha,ha,ha,ha,ha,ha,ha.... Minha querida e revolucionária Isadora... por isso só os loucos e as crianças fazem revoluções: ambos são ingênuos. Pra fazer uma revolução é preciso uma boa dose de ingenuidade. Você faz e... quando vai ver, se toca que aquilo tudo foi uma loucura, não acredita como conseguiu, etc. Mas aí vc já fez e... bom, das duas uma: ou vc passa o resto da vida contando a aventura pros outros, e isso é bom pras novas gerações (saber como foi o passado por alguém que o viveu e protagonizou) ou vc se torna um reaça de marca maior porque agora os mais jovens que vc é que vão querer fazer uma outra revolução que questiona as bases da que vc fez no passado (mesmo que essa outra revolução se assente sobre os resultados da que você fez). Li certa vez (não lembro onde) que Einstein atribuía a teoria da relatividade em parte ao seu desenvolvimento tardio (ele começou a falar parece que só lá pelos 5 anos. Seus pais já estavam tão preocupados que o levaram ao médico). Ele dizia ter começado a pensar em coisas como tempo e espaço, coisas nas quais só as crianças pensam, muito tarde, porém já com as ferramentas intelectuais de um adulto. Deu no que deu. Bom... ainda espero outras revoluções de vc, que ainda é bem novinha e tem muito chão pela frente. Esta do salário dos políticos, por exemplo. Depois, quando ficar velhinha, vc vai ter lindas histórias pra contar, mas lembre-se: não se aferre com unhas e dentes ao mundo que vc ajudou a construir. Se isto acontecer, vc vai ficar como seus professores e os avestruzes da lenda: com a cabeça dentro de um buraco pra não ver as bases do mundo que vc ajudou a construir ruindo (que é o que as revoluções fazem: roem as bases do mundo). Essa resistência ao novo se assemelha, paradoxalmente, às sereias que hipnotizavam os marinheiros de Ulisses com seu belo canto, mas que depois os devoravam quando estes pulavam ao mar, alucinados. Mas ela tem um outro nome: "Ideologia". É tão antiga que criou raízes. Por isso a coitada nem consegue mais andar. Talvez seja por isso também, por raiva de não conseguir mais andar, que ela vive hoje tentando comprar a gente com a única coisa preciosa que lhe restou, o radical (de "raiz") com o qual ela foi construída: a palavra "idéia". Sabe o que vc deve fazer quando a "Ideologia" vier com esse papo de que tem algo muito precioso pra te vender, as tais "idéias"? Exatamente o mesmo que você tem feito esse tempo todo: mostre a ela que você já as possui, porém resolveu fazer outro uso delas que não ficar chantageando e tentando enganar as pessoas. Diga que você as utilizou como matérias-primas pra construir algo muito mais útil, porque extremamente escasso hoje em dia. Algo chamado "ideais". E que são eles, os ideais (e não somente as idéias e muito menos ela, a "Ideologia"), que nos mantém livres, leves e soltos pra sair pra passear quando queremos. Que são eles que nos permitem continuar vendo a luz do sol e da lua, sinais de que o mundo continua girando :)

sábado, 8 de setembro de 2012

Soneto do anoitecer no mar


Soneto do anoitecer no mar

Gosto do ritmo
da explosão das ondas
encobrindo as pedras
e a visão do istmo

Mística neblina
que a paisagem cega:
Oculte-me as vagas
e, de quebra, as guerras.

Ah... maré, me traga
mensagens flutuantes,
venturosas linhas....

que lerei pensante 
na luz tremulante
de três lamparinas


terça-feira, 4 de setembro de 2012





Soneto da porra


Queria fazer uma porra
de um belo e inspirado soneto
Mas fico aqui tentando à toa
E não sai nada, nada mesmo

E então, quando a rima ressoa
Quando a coisa parece que vai
E um arzinho besta me invade
A palavra perfeita se esvai

Deixando-me atônito e triste,
De uma forma que ninguém sabe
O dedo assim meio que em riste

Com jeito de antigo profeta:
Um dia hei de um soneto fazer
Pra todos dizerem: poeta!

sábado, 9 de junho de 2012

Anima Session apresenta: Eldorado Kabarett



Você já ouviu falar da “República de Weimar”? Esse é o nome dado (referência à cidade de Weimar, onde a república foi proclamada) ao breve intervalo democrático vivido pela Alemanha entreguerras. Durou de 1918 a 1933, quando os nazistas assaltaram o poder. “Prestes a perder a Primeira Guerra Mundial, a liderança militar alemã, altamente autocrática e conservadora, atirou o poder para as mãos dos democratas”  (Wikipédia) pra que eles tivessem que negociar a paz. “Ou seja, a derrota na guerra” que ela própria tinha iniciado. Já viram esse filme antes? Ou melhor, depois? A república foi, portanto, um “presente envenenado à democracia”.  Independentemente disso, o período é visto com certa nostalgia por boa parte dos alemães devido ao fato de provavelmente ter sido a única oportunidade que tiveram de vivenciar liberdades civis antes do término da 2ª guerra. Foi a belle epoque deles, um pequeno lapso de tempo em que artistas e grupos minoritários puderam se expressar sem medo de represálias (ou das câmaras de gás). Conhecer o 1920’s Berlin Project foi uma grata surpresa. Criado pela usuária do avatar Jo Yardley, em Second Life, trata-se de uma magnífica réplica. Fiz uma animação (machinima) pra tentar captar o espírito daquele tempo. Espero que gostem.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sobre as implicações da revolução industrial para a educação.

Joelma, nosso dia a dia tá impregnado de racionalidade. A revolução industrial e a consequente urbanização impulsionou a regulação de nossas vidas no tempo e no espaço. Isso foi bom ou ruim? Não sei. O que sei é que foi necessário (por razões diversas). Eu sempre achei que devemos dissociar o valor das ferramentas do eventual mau uso que terceiros possam fazer delas. Não discuto se Skinner fez bom ou mau uso de suas descobertas. O que proponho é 1) reconhecer que são ferramentas poderosas; 2) considerar que uma parcela delas já se tornou parte integrante do nosso dia a dia e que o reconhecimento disso pode ser o primeiro passo pra capitalizá-las a favor da educação democrática que queremos. Os softwares que invadiram nossas vidas servem, por exemplo, pra minimizar o tempo das tarefas, repetitivas ou não. No caso da educação, pra minimizar o tempo de resposta ao estudante, uma das justificativas de Skinner pra utilização da tecnologia em sala de aula. O conceito está presente inclusive na breve conversa entre Bill Gates e Steve Jobs tiveram sobre a aplicação dos computadores na educação, presente na famosa biografia disponível nas bancas. Ora, aumentar a velocidade com que os alunos aprendem não tem a ver com o aumento do nível de escolaridade? Com formação de mão de obra qualificada, crescimento econômico e consequente diminuição do desemprego? E tudo isso com democracia? (PS: a China, ela sim taylorista no pior sentido, é claramente a exceção à regra). Não sei se alguém antes de Skinner expôs essas vantagens e a necessidade disso de forma tão clara.

João e Imaculada: não somos máquinas, claro, mas quando as  utilizamos, elas “são a gente”. Concordo com Marshall McLuhan: as máquinas são extensões dos nossos corpos e sentidos (o carro, o avião, a bicicleta são extensões das nossas pernas; a televisão e a máquina fotográfica, extensões dos nossos olhos; o rádio, o ipod, extensões da nossa audição; o computador, do nosso cérebro...). O argumento (tornado clichê) de que não somos máquinas e que, portanto, Taylor e Skinner devem ser considerados cartas fora do baralho democrático põe coisas e valores, criador e criatura... tudo no mesmo saco. O que proponho, mais uma vez, é passarmos o pente fino, separarmos o joio do trigo (uma das maneiras de se fazer isso é justamente como você, João, tá fazendo com Descartes). Caso contrário corremos o risco de jogar o bebê fora junto com a água suja, como se diz. Democracia é um valor que veio pra ficar. É universal sim, ao contrário do que defendem algumas correntes multiculturalistas. Nenhuma democracia hoje sobrevive, porém, sem a aplicação maciça da tecnologia, resultado direto da revolução industrial. Aí entramos numa aparente contradição. À primeira vista a industrialização (a máquina), quando aplicada à produção em série (fordismo) com controle e minimização do tempo (racionalização taylorista), nivela e equaliza seres humanos diferentes. Um juízo mais apurado nos mostra, porém, que essa mesma produção em série também democratiza o acesso aos bens materiais (e com isso, segundo o que se pode depreender de Marx, também os bens intangíveis) outrora pertencentes apenas às elites. Se Skinner e Taylor fizeram mau uso desse poder negando a justa participação no processo a alunos e trabalhadores, respectivamente, o que devemos atacar é o mau uso, não o poder que eles foram pioneiros em vislumbrar. O curioso é que já se faz justamente isso com Maquiavel. Por que não com Skinner e Taylor? Defender o contrário faz lembrar o movimento dos operários ingleses que, ao invés de atacar o mau uso das máquinas atacavam as próprias máquinas (os ludistas). Lembrei de poema de Brecht bem apropriado à discussão:

"O outro Lado”

Em 1934, no oitavo ano da guerra civil
Aviões de Chiang Kai-chek lançaram
Sobre o território dos comunistas
Panfletos onde colocavam a prêmio
A cabeça de Mao Tsé Tung.
Previdente
O estigmatizado Mao, em vista da falta
De papel, e da abundância de idéias
Fez juntar aquelas folhas impressas
De um só lado, e as fez correr entre a população
Com coisas úteis impressas (...) no lado limpo”

PS:  Não joguemos fora os papéis: aproveitemos o outro lado.

Quero destacar pelo menos uma consequência nefasta do não reconhecimento do verdadeiro papel da racionalização do trabalho na educação: muitos educadores que se dizem democráticos atacam as avaliações de múltipla escolha sob o argumento de que não estimulam a criatividade, não desenvolvem a autonomia, etc. Em outras palavras, os alunos não são máquinas. São dotados de subjetividade e, portanto, redações e projetos seriam muito mais apropriados a uma educação de qualidade (observação: em condições ideais, eu também prefiro as redações e os projetos). Como porém “condições ideais” são sinônimo de utopia, e não estamos tratando de ficção mas de realidade, então: a) esses educadores simplesmente não fizeram a ponte, não sacaram as implicações da revolução industrial para a educação. Não perceberam que é mais democrático racionalizar o tempo da avaliação pra recolher informações sobre o sistema educacional em todo o território nacional a fim de diagnosticar e corrigir seus problemas que deixar as comunidades do “Brasil profundo”  à mercê dos “currais pedagógicos”, onde diretores incompetentes apadrinhados pelos políticos locais mantém-se em seus respectivos cargos há anos sem serem postos à prova por nenhuma incômoda avaliação externa a descortinar o resultado de anos e anos de mau ensino derivado da substituição do mérito pelo clientelismo; b) Também não perceberam as implicações de outra revolução, anterior à revolução industrial, e sem a qual esta última não teria existido: a revolução científica. Galileu Galilei, o pai da ciência moderna, ao deslocar o eixo do critério de verdade da teoria pra prática, do texto escrito (Aristóteles) para a experimentação (observação do fenômeno, formulação de uma hipótese explicativa, verificação experimental e comprovação/refutação), criou as bases da revolução insdustrial e da sociedade como hoje a conhecemos. Em ciências humanas a “experimentação” pode se dar de várias maneiras. Uma delas é ir de encontro ao fenômeno e recolher informações, comparar e entender o porquê dele se manifestar desta ou daquela forma. O nome disso em educação pública (não na pesquisa universitária)? Avaliação externa! O contraponto democrático (pra que essas informações não sejam mau utilizadas) se dá de uma forma bem parecida com a solução encontrada pelos trabalhadores pós-ludistas, que criaram sindicatos: fazer os conselhos de escola funcionarem. Finalizando: Skinner, Taylor, Maquiavel & Cia nos fizeram o favor não só de desvelar as diversas dimensões do poder como também arriscar soluções e encaminhamentos (mesmo que a serviço das elites). Reconheçamos a importância dessas descobertas e utilizêmo-las ao nosso favor.

sábado, 29 de outubro de 2011

 
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